Por que jovens praticam o jogo do desmaio?

Desinformação acerca dos riscos associada à ideia de brincadeira.

Facilmente associadas à distorções na personalidade ou comportamento, na verdade, as práticas de não-oxigenação pertencem ao mundo lúdico de crianças e adolescentes por serem consideradas não-violentas. Ao contrário, são vistas como experimentais e destinadas a provocar sensações alucinatórias ou sensoriais. Ficando evidente o total desconhecimento dos riscos de tais práticas.

Os nomes encontrados no Brasil: jogo do desmaio, jogo de asfixia, jogo da camisinha, brincadeira do pregador, desafio do desodorante spray e seguem variações de nomenclaturas dessas praticas, vistas como brincadeiras, de acordo com as que são importadas dos EUA e Europa, mas que também recebem nomes novos no Brasil.

Para compreender melhor essas práticas:

Se propaga pelo boca a boca, vídeos, filmes, trocas em redes sociais, a curiosidade de uma experiência nova, superação de desafios que supostamente não deixam marcas. A expressão de violência contra si mesmo é rara, quase inexistente.

Em detalhes:

– Um amigo ou parente, seja primo ou irmão mais velho, propõe o jogo para um grupo;
– Existem várias técnicas: apneia prolongada, sufocação com compressão do tórax, compressão manual dos vasos sanguíneos laterais do pescoço, respirar no saco plástico, com ou sem desodorante;
– Uma compressão do ar leva a diminuição da circulação sanguínea, começando pelas veias, depois pelas artérias, interrompendo o fluxo de oxigênio para o cérebro.

Em qualquer uma das variações, o jovem faz a experiência na frente de outros. Depois de iniciado, esse jovem tentará incitar outros a praticar, muitas vezes apelando para o zombar se o amigo não aceitar participar. De qualquer forma, as experiências relatadas por grupos são sempre acompanhadas de risadas, aplausos, quando alguns mostram estar se divertindo com o jogo. Quando ocorre o desmaio, a criança geralmente é vitima de movimentos convulsivos e se não estiver estendida no chão, poderá se machucar severamente. No melhor cenário, a criança retoma a consciência em alguns poucos instantes, sente-se mal por algum tempo, mas se recompõe. Se continuar praticando, essas convulsões levarão a lesões cerebrais provocadas pela hipóxia. Entre 3 e 5 minutos, a criança que fica sem socorro, poderá morrer de uma parada cardíaca. Se um jovem chega a precisar de uma intervenção de emergência, seja de um socorrista ou dos bombeiros, enquanto o grupo está presente, existe uma compreensão brutal e imediata do risco da prática.

O perigo ainda maior está na tentativa de fazer o jogo sozinho porque não compreendem que a prática pode matar. Os riscos maiores estão no desconhecimento de que se ele não retornar rápido do desmaio, não existe ninguém para socorrer ou pedir socorro. Uma só vez pode ser fatal.

O papel de adulto, sejam pais, cuidadores ou educadores, é de colher essas informações, entendê-las e repassá-las de forma segura e clara. Fazer uma criança compreender o que acontece com o corpo sem oxigênio já salvou muitas vidas em países como França e EUA. Juntos, podemos parar as brincadeiras perigosas.

Conhecer, compreender, prevenir.

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