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[:pt]Desvendando a Lei Geral de Proteção de Dados[:]

[:pt] Tudo o que você precisa saber sobre a LGPD   Em 2018, foi sancionada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece, entre outras coisas, regras especiais e específicas para o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes, contempladas em seu artigo 14.   O que são dados pessoais? Dados pessoais, conforme definição dada pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), são informações relacionadas a pessoa identificada ou identificável. São exemplos de dados pessoais tanto informações mais tradicionais, como nome, RG, endereço, quanto aquelas relacionadas ao uso de novas tecnologias e ao comportamento de uma pessoa em plataformas digitais (suas curtidas, compartilhamentos, gostos, compras online etc.).   Ou seja, não apenas informações diretamente relacionadas a uma pessoa entram nesta classificação, mas também informações que, somadas a outras, possam levar à identificação de um indivíduo. Informações de histórico de navegação, por exemplo, podem ser consideradas dados pessoais, se, somadas a outras informações em posse do controlador dos dados (a quem compete a decisão acerca do tratamento dessas informações), permitam a identificação do titular.   O que é tratamento de dados pessoais? O tratamento de dados pessoais é toda operação que se utilize dessas informações como matéria-prima, como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração.   Por que crianças precisam de proteção especial em uma lei geral de dados pessoais? Criança não é um mini adulto, mas uma pessoa em condição peculiar de desenvolvimento. Por isso, crianças e adolescentes podem estar menos cientes dos riscos e consequências do tratamento de seus dados pessoais, bem como de seus direitos relacionados. Esta situação é ainda mais relevante diante da característica da atividade de tratamento de dados, invisível aos olhos, abstrata e, ainda assim, com alto grau de complexidade, dificultando sua observação e entendimento, especialmente para crianças.   Assim, é fundamental que uma lei geral de proteção de dados pessoais traga parâmetros mínimos para a regulação desta questão, em consonância com o dever constitucional de prioridade absoluta das crianças nas políticas e normas legais e assegurando-lhes o respeito ao seu melhor interesse, em espaços online e offline.   A quem se aplica a Lei Geral de Proteção de Dados? A lei se aplica a empresas, poder público, direto ou indireto, e a pessoas físicas que tomem decisões referentes ao tratamento de dados pessoais.   O que diz a Lei Geral de Proteção de Dados sobre o tratamento das informações de crianças e adolescentes? A LGPD estabelece, no artigo 14, o melhor interesse de crianças e adolescentes como base legal exclusiva para a autorização do tratamento de dados dessas pessoas, colocando-as a salvo de toda forma de violação de direitos ou exploração. Isso significa que a proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes deve prevalecer em relação a qualquer outro interesse – inclusive interesses comerciais – e que a coleta e tratamento de seus dados pessoais deve, necessariamente, se dar em prol de seu benefício. Consequentemente, ainda, o tratamento desses dados pessoais para fins ilegais ou prejudiciais – como é o direcionamento de publicidade às crianças – fica vetado.   Quando é autorizado o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes? Em primeiro lugar, é importante reforçar que o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes somente pode ocorrer em seu melhor interesse. Além de seu melhor interesse, no caso de dados pessoais de crianças e adolescentes de até 16 anos (em razão de sua incapacidade para os atos da vida civil, artigo 3º do Código Civil), é exigido o consentimento prévio ao tratamento de dados, dado por pelo menos um de seus pais ou por seu responsável legal. No caso do adolescente entre 16 e 18 anos, o consentimento poderá ser dado pela mãe, pai ou responsável legal, em conjunto com o do adolescente. Diferentemente do consentimento em outros casos, estas manifestações devem ser específicas para cada caso, solicitadas em destaque, além de livres, informadas e inequívocas.   Há exceções às regras de consentimento de responsável legal para o tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes? Via de regra, a coleta e uso dos dados pessoais de crianças e adolescentes não pode ocorrer sem o prévio consentimento parental. A Lei Geral de Proteção de Dados, porém, estabelece algumas exceções. A primeira é, justamente, se aquele tratamento tiver o exclusivo intuito de contatar os pais ou o responsável legal da criança ou adolescente ou protegê-lo. Neste caso, os dados somente poderão ser utilizados uma única vez (ou seja, não poderão ser armazenados) e não poderão ser compartilhados com terceiros.   Ainda, de uma interpretação sistemática do que diz a LGPD, é possível considerar também que os dados de crianças e adolescentes podem ser tratados, sem consentimento parental prévio, nos mesmos casos que a lei autoriza o tratamento de dados pessoais sensíveis (que são dados pessoais cuja proteção é considerada ainda mais importante pela lei). São esses o cumprimento de obrigação legal, o tratamento necessário para execução de políticas públicas previstas em lei, o tratamento para fins de pesquisa (garantida a segurança e anonimização desses dados), o exercício regular de direitos, a proteção da vida ou da integridade física do titular ou de terceiros, a tutela da saúde ou a prevenção à fraude. É importante destacar que o legítimo interesse do controlador não é uma justificativa legal para o tratamento de dados de crianças e adolescentes.   Mais uma vez, também, é importante lembrar: ainda que essas hipóteses possam ser consideradas bases legais para o tratamento de dados de crianças e adolescentes, se a operação não se der em prol do melhor interesse daquela criança ou adolescente, não poderá acontecer.   Como proceder em caso de necessidade de coleta de dados pessoais de crianças e adolescentes? O controlador dos dados deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o consentimento foi dado pelo responsável pela criança ou adolescente, considerando as tecnologias disponíveis. O órgão competente deve regulamentar as

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[:pt]Brasil x Itália: regulações de proteção da criança e do adolescente no uso da internet[:]

[:pt]Mortes e acidentes por brincadeiras perigosas não são uma exclusividade do Brasil, mas como as autoridades de cada país lidam com isso, pode ter uma diferença absurda.   Em janeiro deste ano, uma criança italiana de 10 anos veio a óbito após replicar um desafio de asfixia disseminado via Tiktok. O Governo do País imediatamente bloqueou o uso do TikTok até 15 de fevereiro para os usuários que não confirmarem a idade. Isso aconteceu porque, segundo a lei italiana, menores de 13 anos não podem ter acesso ao aplicativo e a partir dos 14 anos devem ter o consentimento dos pais.   No Brasil, temos um total de 45 casos de crianças e adolescentes vítimas das brincadeiras perigosas disseminadas na internet, sendo 18 acidentes com sequelas e 25 vítimas fatais, segundo um levantamento informal feito pelo IDC de 2014 a 2020. Alguns casos tiveram ampla repercussão midiática, como o caso da pequena Adrielly Gonçalves, 7 anos, que perdeu a vida após imitar um outro desafio do Youtube em 2018.   Infelizmente, no caso do Brasil, não tomamos conhecimento se alguém foi responsabilizado, se a plataforma de vídeo sofreu algum bloqueio, se foi exigida alguma providência ou alteração nas políticas de privacidade, idade e/ou conteúdo.   Em dezembro, o Instituto Dimicuida teve causa ganha num processo para a retirada de vídeos de desafios perigosos do YouTube. Mas numa busca rápida nas duas plataformas de vídeo citadas nesse texto, você encontrará incontáveis vídeos dos mesmo desafios que vitimaram essas crianças e muitos outros tão letais quanto. Pelas nossas leis de regulação, o juiz tem que assistir a cada URL enviada para retirada e decidir se deve ou não proceder. Esse tempo não permite que os canais que constantemente lucram com desafios perigosos sintam-se responsáveis pelos possíveis incitamentos a comportamento de risco.   Pode-se chegar aos seguintes questionamentos: as leis estabelecidas pelo ECA estão sendo cumpridas na internet? O marco civil da internet estabelece leis realmente efetivas nesses casos ou alguns pontos ainda precisam ser revistos? As plataformas de vídeo têm políticas de privacidade e idade realmente efetivas? Alguma medida está sendo pensada como forma de prevenir outros acidentes no Brasil? Onde estão as políticas públicas de proteção às crianças e adolescentes na internet?   O que se tem conhecimento é que, diariamente, vídeos com conteúdo perigoso são lançados nas redes e alcançam milhares e milhares de visualizações, vários são monetizados e crianças e adolescentes estão recebendo e consumindo esse tipo de conteúdo, algumas delas estão replicando, outras estão se acidentando e, lamentavelmente, só tomamos conhecimento das fatalidades quando chegam a grande mídia.   Não há restrição expressa no Marco Civil da Internet, apesar de muitas empresas estipularem a idade mínima de 13 anos para que alguém abra uma conta. Registre-se que não se deve negar às crianças o acesso à tecnologia, visto que as mesmas pertencem à geração dos “nativos digitais” e excluí-las representaria uma desvantagem em seu desenvolvimento.   Por isso, é essencial que as crianças e adolescentes utilizem os serviços da Internet com uma adequada supervisão dos pais e cuidadores, usando ferramentas de segurança e educando para o uso positivo para se navegar com segurança.[:]

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[:pt]Risco-Espetáculo: Novas Modalidades do Risco na Era Digital[:]

[:pt]A psicóloga Luísa Freire, parceira do Instituto DimiCuida, elaborou um artigo científico baseado em sua tese de mestrado (UFC) intitulado “Risco-Espetáculo: Novas Modalidades do Risco na Era Digital”, publicado recentemente na Revista de Psicologia da UFC.   Luísa aborda que, para além da regulação das condutas do território virtual, é necessário questionamento sobre como o sujeito adolescente se subjetiva na exposição de si e busca, a qualquer custo, ou pagando o preço com o próprio corpo, atraírem a tão desejada plateia.   O IDC incentiva e apoia, bem como também contribui com estudos e pesquisas relacionados aos temas voltados aos riscos e educação para o mundo digital, entendendo a importância de tais iniciativas na compreensão das mudanças de comportamentos de crianças e adolescentes no âmbito virtual.   Leia o artigo na íntegra.[:]

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[:pt]Homem Pateta ataca novamente: crianças são vítimas preferenciais[:]

[:pt] Figuras que estimulam atos de violência e brincadeiras perigosas apavoram os pais   O período de isolamento social, em função da Covid-19, trouxe de volta a figura fictícia do Homem Pateta, motivo de insônia para muitos pais. Trata-se de uma personalidade online que incentiva brincadeiras perigosas e violentas.   Com a pandemia, o tempo que as crianças passam na internet aumentou e, assim, o consumo de conteúdo impróprio nas plataformas sociais. De acordo com levantamento do AppGuardian, aplicativo de controle parental, crianças de 5 a 15 anos passam, em média, 25 horas por mês no YouTube. O excesso, refletido em dependência ou má utilização, pode provocar problemas como ansiedade, sedentarismo, transtornos mentais e de alimentação, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).   Caso de vítima fatal alerta profissionais da saúde e educação   Em 2014, o adolescente Dimitri Jereissati, 16 anos, perdeu a vida ao participar de uma “brincadeira” online, conhecida por “jogo do desmaio”. Com isso, foi criado, em Fortaleza (CE), o Instituto Dimicuida, na tentativa de preservar a vida de outros jovens e conscientizar pais e responsáveis sobre os perigos da rede.   “Foi necessário conhecer mais sobre esses conteúdos e problemas para que conseguíssemos responder várias perguntas e ajudar as famílias. Começamos a investigar o comportamento de adolescentes na escola para trabalhar na prevenção; diferenciar brincadeiras saudáveis de perigosas”, explica Fabiana Vasconcelos, psicóloga do instituto.   Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2018, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 86% de jovens entre 9 e 17 anos, estão conectadas no ciberespaço – o equivalente a cerca de 24,3 milhões de crianças e adolescentes. Desse total, 73% usam para comunicação e redes sociais e 77% assistem vídeos, filmes e séries. O número aumenta se reduzirmos a faixa etária para 9 e 10 anos: são 84% consumindo conteúdos audiovisuais.   A psicóloga cita dois canais do YouTube, cuja produção violenta e perigosa é responsável por parte dos acidentes com crianças. O Instituto conseguiu derrubar o do influencer La Fênix, e Fabiana destaca exemplos de práticas e discursos de proprietários do perfil: “Eles incentivavam brincadeiras como chutar uma bola, descalço (a bola pode ter arame farpado). Um dos donos desse canal me disse: ‘Meu filho não assiste meus vídeos, então cada família cuide dos seus’. Isso não condiz com o convívio em sociedade”, assevera.   Já Everson Zóio, responsável pelo canal Zoio do Dia, “mandava seus inscritos enviarem desafios criativos para serem selecionados. Um vídeo dele com o seguinte título foi bloqueado: colocar fogo no corpo e pular no rio. O youtube retirou o vídeo antes de ser postado”, exemplifica Fabiana.   De acordo com um estudo realizado pelo AppGuardian, aplicativo de controle parental, crianças de 5 a 15 anos passam, em média, 25 horas por mês no YouTube. A soma entre YouTube Kids e YouTube Go resulta em 47 horas mensais. Além disso, a pesquisa mostrou que a média de permanência no celular é de 5,7 horas por dia, de segunda a quinta-feira. Nos finais de semana, esse número aumenta para 6,9.   Além dos desafios estimulados pelos canais, o jogo Baleia Azul também ficou conhecido por provocar acidentes e muita preocupação. Trata-se de um conjunto de 50 missões extremamente perigosas e a última delas é dar fim à própria vida.   Segundo a jornalista Andrea Ramal, do G1, em 2015 uma jovem russa de 15 anos se jogou de um prédio; depois, outro adolescente se jogou na frente de um trem. No Brasil, casos em Mato Grosso e na Paraíba foram investigados, envolvendo vítimas da mesma faixa etária em jogos de automutilação e suicídio.   Medidas governamentais   A psicóloga também destaca incoerência e contradições legislativas percebidas no momento em que o Dimicuida decidiu fazer contato com o Governo.   Existem Artigos do Marco Civil da Internet (Art. 19, 20 e 21) que preveem a retirada de conteúdos perigosos das plataformas digitais. Contudo, tratando-se de vídeos, os juízes precisam assistir a todos para dar o parecer definitivo. “A velocidade com que os vídeos são postados é bem maior do que a velocidade da Justiça brasileira”, aponta Fabiana Vasconcelos, psicóloga do Dimicuida.   Em relação às contradições, Fabiana cita um exemplo: “Vídeos com violação de direitos autorais são automaticamente bloqueados, já os com conteúdos perigosos têm que passar por um lento processo”.   Homem Pateta? “A responsabilidade é dos pais”   O Homem Pateta pode até intimidar e sinalizar que o perigo está próximo, mas existem duas armas letais para combatê-lo: observação e diálogo. Segundo a psicóloga Carolina Fonseca, especialista em Saúde Mental, Atendimento Familiar Sistêmico e em Psicologia Organizacional e do Trabalho, “os pais têm total responsabilidade em perceber pequenas alterações de comportamento, isolamento, marcas pelo corpo, marcas de automutilação, irritabilidade, quedas no rendimento escolar, e é essencial que eles estabeleçam um diálogo com seus filhos.”   Conforme Carolina, os perigos da internet não são silenciosos e se manifestam de diversas formas, sendo essencial que pais e responsáveis prestem atenção no comportamento das crianças e tenham em mente que a internet é um simples meio de acesso. “[..] A tecnologia pode auxiliar, mas não deve ser responsabilizada pelo o que as crianças assistem. Os pais devem verificar o histórico de busca, controlar o tempo de acesso e conversar com seus filhos e filhas para saber qual conteúdo estão consumindo”, alerta a especialista.   Para alertar as famílias sobre os sinais mais recorrentes de que algo não vai bem no tipo de acesso à tecnologia, o Instituto Dimicuida fez uma cartilha informando sobre os jogos de não-oxigenação, que são denominados “brincadeira do desmaio (choking game)”. Essa brincadeira tem causado diversos acidentes fatais de autoasfixia ou desmaios voluntários em crianças que são encorajadas por colegas e pelos vídeos presentes nas plataformas de mídias sociais. Segue trecho da cartilha com dicas direcionadas aos familiares:       Para outras informações, acesse a cartilha completa “Jogos de Não Oxigenação – Conhecer, Compreender, Prevenir”.   Publicidade infantil em plataformas sociais   A psicóloga Fabiana Vasconcelos diz existir

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[:pt]Justiça manda Google excluir “jogo do desmaio” e outros desafios perigosos[:]

[:pt]A Justiça de São Paulo determinou ao Google que retire do ar uma série de vídeos com os chamados desafios da internet em que usuários são filmados executando tarefas perigosas.   Nos vídeos, muito assistidos por crianças e adolescentes, o internauta é instigado a reproduzir tarefas como atear fogo ao próprio corpo, inalar desodorante, promover a automutilação e colar dedos ou lábios com super bonder, entre outras provas nocivas para a saúde.   Um dos desafios mais famosos é o chamado “jogo do desmaio”, que consiste em provocar a perda abrupta da consciência de um amigo por meio de pressão provocada no tórax, cessando assim a oxigenação. Outro desafio muito divulgado é o da camisinha, em que um preservativo, normalmente cheio de água, é colocado na cabeça de alguém.   A decisão, em caráter liminar, foi tomada pela juíza Cinara Palhares, da Vara da Infância e da Adolescência de São Paulo a pedido do Instituto Dimi Cuida.   Fundado em 2015, o instituto foi criado em Fortaleza, no Ceará, após um jovem de 16 anos morrer ao praticar o jogo do desmaio.   Na petição apresentada à Justiça, o advogado Renato Opice Blum afirma que,por não possuírem o discernimento completamente desenvolvido, crianças e adolescentes são o principal alvo desse tipo de conteúdo. “Esses vídeos propagam a violência e práticas perigosas como se fossem uma espécie de brincadeira ou uma forma de se obter maior relevância e respeito em um grupo.”   Além da remoção dos vídeos, a Justiça ordenou que o Google forneça os dados cadastrais e registros eletrônicos que permitam identificar os responsáveis pelos vídeos.   Procurada pela coluna, a assessoria de imprensa do Google disse que não faria comentários sobre o assunto, mas informou que a empresa ainda não foi notificada pela Justiça da decisão.     Via Uol Notícias[:]

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[:pt]III Semana Estadual de Mobilização e Conscientização Sobre as Brincadeiras Perigosas[:]

[:pt]Anualmente acontece a Semana Estadual de Mobilização e Conscientização Sobre as Brincadeiras Perigosas ( Lei Estadual N.º 16.341/0), mas, devido à pandemia global, neste ano será diferente: o auditório lotado foi substituído por sua participação on-line. A semana dedicada ao ‘Conhecer, Compreender e Prevenir’ chega a sua terceira edição e acontecerá de 1 a 5 de junho, através das nossas redes sociais. &nbsp Em 2020 celebramos também os 5 anos de atuação do IDC, realizando programas de prevenção às Brincadeiras Perigosas. Esses anos foram marcados pela adesão dos campos da educação, saúde e direito numa busca ativa da proteção de crianças e adolescentes no mundo virtual. Muitos acidentes foram evitados e continuamos promovendo o constante crescimento da conscientização para o uso seguro e saudável da internet. &nbsp Confira a programação e participe! &nbsp Segunda: vídeo da trajetória do IDC, o que celebramos e a projeção para próximos 5 anos – com a psicóloga Fabiana Vasconcelos; &nbsp Terça: Vídeo sobre os Desafios perigosos do YouTube: considerações sobre o risco transformado em espetáculo- com a psicóloga Luísa Miranda; &nbsp Quarta: Vídeo sobre Como ficam as regras da família quanto ao uso das NTICs em tempos de pandemia?- com a advogada Alessandra Borelli; &nbsp Quinta: Vídeo sobre os jogos e videogames, da dependência ao uso terapêutico – com a psicóloga Dra. Ivelise Fortim; &nbsp Sexta e encerramento: Live no Instagram sobre saúde de adolescentes no mundo digital – com a pediatra Dra. Maria Nicó. &nbsp &nbsp Juntos podemos salvar muitas vidas![:]

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[:pt]Como adolescentes podem proteger sua saúde mental durante a pandemia[:]

[:pt]Estratégias para adolescentes que enfrentam uma nova (temporária) realidade   O isolamento social que se tornou tão importante para controlar o surto de coronavírus está exigindo uma atenção com questões relacionadas à saúde mental de adolescentes. Com o fechamento das escolas e eventos cancelados, adolescentes perdem a oportunidade de participar de encontros presenciais, conversar com amigos, praticar esportes coletivos, assistir às aulas, entre outras atividades fundamentais para o seu desenvolvimento e bem-estar.   Se você é adolescente e está sentindo ansiedade, isolamento, decepção por causa das mudanças trazidas pela pandemia do coronavírus, saiba o seguinte: você não está só. Conversamos com a especialista brasileira Karen Scavacini, psicóloga fundadora do Instituto Vita Alere, que nos traz reflexões e sugestões sobre como atravessar este momento protegendo você mesmo(a) e ajudando a proteger os outros.   Também aproveitamos uma conversa da equipe do UNICEF em Nova Iorque com Lisa Damour, psicóloga especialista em adolescentes, autora de best-sellers e colunista mensal do New York Times, sobre o que você pode fazer para praticar o autocuidado e cuidar de sua saúde mental.     1. Reconheça que ter ansiedade é normal Se o fechamento da escola e as manchetes alarmantes fazem você sentir ansiedade, você não é a única pessoa a passar por isso. Isso é comum. A psicóloga Karen Scavacini lembra que “se a ansiedade estiver trazendo uma preocupação exagerada, impedindo você de fazer atividades ou dormir, vale pensar o que está contribuindo para tudo isso, como ficar vendo informações e notícias o tempo inteiro, excesso do uso da tecnologia ou se sentir incapaz perante a pandemia”. Às vezes, a ansiedade pode aparecer de jeitos diferentes, como trazer frustração, cansaço, raiva, excessos na alimentação ou falta de vontade de cuidar da gente mesmo. “Um pouco de preocupação e nervosismo são completamente normais, assim como sentir falta dos amigos, do/a namorado/a, da rotina e até da escola”. Para escapar desse clima que vai tomando conta de você, pense que essa é uma forma de proteção que cada um tem e que você vai conseguir passar por isso, pois é sua capacidade de ficar em casa que vai proteger você, as pessoas com quem convive e até vai contribuir para toda a sociedade controlar a pandemia do coronavírus.   Embora a ansiedade em torno da Covid-19 seja totalmente compreensível, verifique se você está usando “fontes confiáveis [como os sites do UNICEF e da Organização Mundial da Saúde] para obter dicas ou verificar qualquer informação que possa estar recebendo por canais menos confiáveis”, recomenda a psicóloga Lisa Damour.   Se você está preocupado(a) com os sintomas, é importante falar com sua família sobre isso. “Lembre-se de que as doenças causadas pela infecção do coronavírus geralmente são leves, especialmente para crianças e adultos jovens”, diz Damour. Também é importante lembrar que muitos dos sintomas da Covid-19 podem ser tratados. Ela recomenda que você conte a seus pais ou uma pessoa adulta de confiança se você não estiver se sentindo bem ou se estiver preocupado(a) com o vírus, para que possam ajudá-lo(a).   E lembre-se: “Há muitas coisas eficazes que podemos fazer para nos manter e manter as outras pessoas seguras e para ter um melhor controle de nossa situação: lavar as mãos com frequência, não tocar o rosto e nos distanciar socialmente”.     2. Tenha uma rotina Em tempos de isolamento social, uma boa dica é aprender o que fazer com o seu tempo e o seu humor, em alguns dias você estará mais tranquilo(a) e com vontade de fazer coisas e em outros dias, não. Respeite isso, mas não paralise. “Tente organizar a sua rotina. Fazer planejamentos diários e semanais e manter o estudo em dia são formas saudáveis de criar distrações, exercitar o corpo e a mente e fazer as tarefas que precisa”, sugere Scavacini.   Outra forma de preencher de forma saudável o tempo é incluir na sua rotina algum tipo de exercício físico, que, além de ajudar o seu corpo, vai gerar bem-estar para sua mente. E lembre-se, ao acordar, tire o pijama, coloque uma roupa confortável, se arrume, tome banho, coma, abra as janelas e se prepare para mais um dia. “Colabore com a arrumação do seu local de estudo e da sua casa e com o seu autocuidado”, recomenda Scavacini.     3. Crie distrações, seja criativo. “O que os psicólogos sabem é que, quando estamos em condições cronicamente difíceis, é muito útil dividir o problema em duas categorias: coisas sobre as quais posso fazer algo e coisas sobre as quais não posso fazer nada”, diz Damour.   Há muita coisa que se enquadra nessa segunda categoria no momento, e tudo bem, mas uma coisa que nos ajuda a lidar com isso é criar distrações para nós mesmos. Lisa Damour sugere fazer um trabalho da escola, assistir a um filme ou ler um romance como formas de buscar alívio e encontrar equilíbrio no dia a dia.     4. Encontre novas maneiras de se conectar com seus amigos     Se você deseja passar um tempo com amigas e amigos enquanto pratica o distanciamento social, a mídia social é uma ótima maneira de se conectar. Seja criativo(a): participe de um desafio do Tik-Tok como o #safehands. “Nunca subestimei a criatividade dos adolescentes”, diz Damour, “meu palpite é que encontrarão maneiras de se conectar uns com os outros online que serão diferentes das que faziam antes”.   “[Mas] não será uma boa ideia ter acesso irrestrito a tevês, jogos eletrônicos e mídias sociais. Isso não é saudável, não é inteligente, pode aumentar sua ansiedade”, diz Damour, recomendando que você estabeleça um horário para isso, negociando com as pessoas responsáveis por você em casa.   Manter a interação e a sociabilidade de forma remota, ajuda a nos conectar e manter os laços de antes, mas de um jeito diferente. “Além de seus amigos atuais, que tal pensar em pessoas que faz tempo que você pensa em falar, mas que nunca tem tempo? Pode ser a hora de retomar antigos laços de amizade

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[:pt]O que é o ‘desafio da rasteira’ e por que pânico dos pais pode aumentar risco para crianças[:]

[:pt]“Pessoal, vou utilizar o grupo agora para uma informação de utilidade pública. Fiquem atentos com as escolas onde seus filhos estudam pois está circulando uma brincadeira aberrante onde já houve crianças com fratura craniana e leva a graves sequelas ou a morte”, diz mensagem que se tornou viral, nos últimos dias, em grupos de WhatsApp de famílias e escolas. &nbsp Junto com a mensagem vem um (ou mais de um) vídeo mostrando três adolescentes, um ao lado do outro, fazendo o que é apontado como o mais recente “desafio” circulando entre jovens: quando o adolescente do meio dá um salto, os dois das pontas lhe passam uma rasteira, fazendo com que caiam de costas ou de cabeça no chão. &nbsp No entanto, como de costume em debates sobre “febres” da internet — como já ocorreu com a “momo” e com o chamado “desafio da baleia azul” —, os compartilhamentos sobre o “desafio da rasteira” misturam fatos (e riscos) reais com uma dose de desinformação e pânico. &nbsp A seguir, a BBC News Brasil destrincha o que há de concreto no caso, ouve especialistas sobre como conversar a respeito com os filhos e explica por que o pânico dos pais pode, sem querer, agravar o problema, em vez de mitigá-lo. &nbsp &nbsp O caso do colégio Santo Tomás Aquino &nbsp O vídeo que tem acompanhado a mensagem viral no WhatsApp mostra três estudantes falantes de língua espanhola usando uniformes de um colégio chamado Santo Tomás Aquino. &nbsp Pelo Twitter, o colégio (localizado no município de Chacao, na Venezuela) postou comunicado da prefeitura local no dia 7 de fevereiro, advertindo que, diante da “situação agressiva de muito risco” a que os alunos estão expostos pela brincadeira, foi acionado o conselho local de proteção infantil. &nbsp Segundo a ONG cearense DimiCuida, que monitora “jogos” perigosos que se disseminam online, o vídeo dos alunos do colégio Santo Tomás foi bastante compartilhado em países da América Central no final da semana e começou a circular no Brasil nos últimos dois dias. &nbsp &nbsp A tragédia de Mossoró &nbsp Também têm sido frequentes, nas redes sociais, compartilhamentos de alertas sobre o “desafio da rasteira” com prints de uma notícia sobre a morte de uma adolescente em Mossoró (RN). &nbsp Embora a notícia esteja sendo compartilhada como se fosse atual, trata-se de um caso trágico ocorrido em novembro de 2019. &nbsp O diretor da escola municipal Antonio Fagundes, José Altemar da Silva, explica à BBC News Brasil que a adolescente Emanuela, de 16 anos, estudante do 9º ano do ensino fundamental, participava de outro tipo de jogo ou desafio, que consistia em ser “girada” como uma “roleta humana”, nos braços entrelaçados de dois amigos, e tentar cair de pé. &nbsp A jovem, porém, caiu de cabeça no chão. “Socorri, levei ela para o hospital com a mãe, e a tomografia mostrou que ela teve um traumatismo craniano com sangramento”, explica Silva. “Ao sair da tomografia, ela desmaiou e teve uma parada cardíaca. Foi reanimada e passou por uma cirurgia. Ainda teve mais quatro dias viva. Mas sofreu outra hemorragia.” &nbsp Emanuela, que Silva descreve como “uma menina muito doce, muito educada”, morreu em 11 de novembro do ano passado, gerando uma grande comoção na escola e um sinal de alerta para os educadores. &nbsp “Eles (adolescentes) não tinham noção do perigo. Depois disso, eu soube que essa brincadeira de girar estavam ocorrendo em outras escolas da cidade, sem a gente ter conhecimento. Foi um choque muito grande”, prossegue o diretor. &nbsp A escola ficou três dias fechada, em luto, e os alunos passaram a ter acompanhamento psicológico, sobretudo os que estavam envolvidos no episódio, conta Silva. “Quando eles voltaram para as aulas, eles choravam muito. (…) Foi uma surpresa muito grande, uma grande infelicidade, em uma escola onde nunca havia acontecido nada assim, e onde todas as crianças são do mesmo bairro.” &nbsp A assistente social Sonia Feitosa, que prestou assistência aos alunos e às famílias, diz que o episódio foi um momento de “muita dor e muita solidariedade”, principalmente para as colegas de sala de Emanuela. “Eles não pensavam que poderia acontecer algo grave”, conta. &nbsp &nbsp Feitosa se emociona ao lembrar da família da adolescente. “Ela era estudiosa, fazia muitos planos para sua vida profissional. A mãe nos contou que ela tinha acabado de fazer aniversário, e eles iam fazer uma festinha para ela.” &nbsp Cada professor da rede municipal de Mossoró foi instruído, depois da tragédia, a conversar com os alunos sobre brincadeiras do tipo, conta a assistente. &nbsp &nbsp O perigo dos desafios na internet &nbsp O caso de Mossoró, embora não se trate especificamente do chamado “desafio da rasteira”, evidencia os perigos de comportamentos nocivos que ganham palco e audiência na internet. &nbsp Em 2018, por exemplo, a BBC News Brasil reportou o caso de uma menina de sete anos de São Bernardo do Campo (SP) que morreu depois de inalar desodorante aerosol, copiando o que havia visto em um vídeo na internet. &nbsp A própria ONG DimiCuida, de Fortaleza, foi criada em homenagem a um jovem de 16 anos que morreu praticando o “jogo do desmaio”. E, assim como estes, há também vídeos online com desafios da canela, da camisinha, da buzina etc. &nbsp A pesquisa TIC Kids Online, que ouviu, entre outubro de 2018 e março de 2019, 3 mil famílias brasileiras com filhos entre 9 e 17 anos a respeito de seus hábitos na internet, apontou que 16% das crianças entrevistadas disseram ter visto online formas de machucar a si mesmas; e 14% tiveram contato com conteúdo que mostrava como cometer suicídio. &nbsp Quase a metade viu alguém ser discriminado na internet nos 12 meses anteriores ao estudo. &nbsp Um agravante é que, na adolescência, ainda não foi plenamente desenvolvido o córtex pré-frontal, área do cérebro responsável por controlar a impulsividade e a avaliação de riscos de nossas ações. Ou seja, adolescentes são, fisiologicamente, mais suscetíveis a situações de risco. &nbsp &nbsp Por que pais não devem compartilhar

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[:pt]Conscientização sobre brincadeiras perigosas na internet é proposta na Assembleia Legislativa[:]

[:pt]  Os “jogos de asfixia” e, mais recentemente, o jogo “Baleia Azul” trazem alerta para os pais sobre os desafios tratados como “brincadeiras”, mas que podem trazer sequelas irreversíveis ou causar a morte dos participantes. Preocupada com o fato, a deputada Bethrose (PMB) anunciou, em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (04/05), que deu entrada na Casa em um projeto de lei que institui a Semana Estadual de Mobilização e Conscientização sobre as Brincadeiras Perigosas.

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[:pt]Baleia ou barriga? – Por Carlos Orsi [:]

[:pt]  Em sua imortal crítica à novela Brejal dos Guajás, de José Sarney, Millôr Fernandes, irritado com o uso inadequado do condicional (“iam”, “deviam”) reclama: “afinal, deviam chegar ou chegavam? o autor tá aí pra dar informações, pô!”. Imagino que, se o autor de uma obra de ficção “tá aí pra dar informações, pô!”, o jornalista, mais ainda. Infelizmente, a grande imprensa brasileira parece estra se esquecendo disso. Caso em tela: o infame “jogo da Baleia Azul”.   A coisa começou a me incomodar ontem à noite, quando o painel do Em Pauta, da Globo News, que pretensamente reúne alguns dos comunicadores mais influentes e qualificados do Brasil, começou uma discussão histérica sobre o assunto, como se a existência dessa suposta “ciranda da morte” online, manipulada por sinistros vilões anônimos “que têm de ser presos”, já fosse um fato estabelecido.   É meio deprimente ver gente como Eliane Catanhêde, que passa mais da metade de seu tempo em tela esbravejando contra fake news e enaltecendo as qualidades da “mídia responsável” (mirabile dictu, a que paga o salário dela) se prestar ao papel de dama indignada com os criminosos online sem antes, pelo menos, checar uma parada obrigatória como o Snopes, cujo veredicto sobre a Baleia Azul é: UNPROVEN.   Ou seja, “não comprovado”. O artigo do Snopes vai a fundo na história — lenda urbana? — de que adolescentes estariam se reunindo em “grupos baleia azul” para cometer suicídio e/ou incitar outros ao suicídio. O mito parece ter nascido de um erro de interpretação de uma notícia publicada na mídia russa em maio de 2016. A notícia russa aponta que “pelo menos oitenta” de 130 suicídios infantis registrados entre novembro de 2015 e abril de 2016 estariam vinculados à “baleia azul”.   O Snopes traz ainda um link para uma reportagem investigativa realizada pela Radio Free Europe que, ao mesmo tempo em que aponta um estado de pânico social em partes da Ásia Central e da Europa Oriental por causa da “baleia azul” — “Na Rússia e nos países centro-asiáticos do Cazaquistão e do Quirguistão, manchetes alarmantes sobre a Baleia Azul tornaram-se uma ocorrência quase diária: uma criança ou adolescente estaria sendo incitado a cometer suicídio, ao participar de um ‘jogo’ mórbido online, estimulado por hashtags em russo (…)” — reconhece que “não há uma única morte na Rússia ou na Ásia Central que tenha sido ligada definitivamente à Baleia Azul”.   Mais adiante, a reportagem acrescenta: “Nos últimos seis meses, mais ou menos, dezenas de suicídios e tentativas de suicídio na Rússia, Cazaquistão e Quirguistão foram, provisoriamente, ligados ao jogo, embora, numa investigação mais detalhada, nenhum tenha sido ligado a ele de forma conclusiva”. Os jornalistas da Free Europe criaram um perfil falso de menina adolescente para tentar penetrar no “jogo” — que envolveria a realização de 50 missões, sendo a última, o suicídio — , e chegaram a obter contato com alguns supostos “curadores” (que é a forma como a mitologia criada em torno do jogo se refere aos distribuidores de missões), incluindo a ordem da primeira “tarefa”, produzir prova fotográfica de uma automutilação — e que foi diligentemente simulada em Photoshop.   Mas nenhum contato passou desse estágio: depois de uma ou duas interações misteriosas e insinuações melodramáticas (“Se você morrer você ganha o jogo. Se você perder, nós a ajudaremos a ganhar”) todos os curadores simplesmente pararam de responder.   Algo semelhante foi tentado pelo blogueiro Julio Boll, da Gazeta do Povo de Curitiba, nesta semana. Boll também conseguiu contato com supostos “curadores” do jogo, mas todos se revelaram, na verdade, resgatistas infiltrados, pessoas bem-intencionadas ou proselitistas evangélicos que se faziam passar por curadores mas que, na verdade, estavam ali para puxar conversa com potenciais suicidas e dissuadi-los. Sem fazer pouco caso das boas intenções das pessoas, há algo de essencialmente ridículo num grupo de vilões onde todos, na verdade, são heróis disfarçados.   O material da Free Europe data de fevereiro deste ano. Se se tivessem dado ao trabalho de lê-lo, os jornalistas da tal grande-mídia-corporativa-responsável-que-representa-nosso-último-baluarte-contra-as fake-news-da-internet talvez estivessem melhor preparados para informar, em vez de apenar alimentar as chamas do que pode muito bem não passar de uma mistura de brincadeira de mau gosto com pânico social baseado em boatos.   A edição de hoje de O Estado de S. Paulo traz uma página lastimável, onde nada menos que nove (!!) jornalistas aparecem mobilizados para produzir — nada. Há texto, há sentenças gramaticalmente corretas, há declarações de fontes diversas mas, violando o dito de Millôr, não há informação nenhuma. O conjunto simplesmente deixa o leitor, que talvez gostasse de saber o que é esse negócio de baleia azul e até que ponto o problema é sério, a ver navios.   Vamos lá, gente. Ou não há evidência de que o jogo é real, ou o jogo consome almas pelo mundo afora. Que as fontes discordem entre si é compreensível, mas o trabalho do jornalista é transmitir a verdade dos fatos, ou a melhor aproximação da verdade dos fatos possível até a hora do fechamento, ao leitor. Simplesmente anotar “ele disse, ela disse” e lavar as mãos dessa responsabilidade não é legal. Só o que se tira do material publicado pelo vetusto diário do Limão é que parece haver um problema e tem gente preocupada com ele. Muito pouco por R$ 4, o preço do exemplar.   É bem provável que o jogo não seja “verdadeiro”, no sentido de haver uma central diabólica de manipuladores psicológicos, em ação nas Montanhas do Cáucaso, dedicada a predar crianças e adolescentes online, só pela farra. Na verdade, a história toda soa demais como o enredo de um filme de terror vagabundo, ou uma imitação barata de Black Mirror. Ela também joga com as angústias dos pais dos adolescentes, ao postular um perigo que vem de um mundo que eles conhecem mal, mas em que seus filhos se movem com desenvoltura — a internet.   Mas a mera ideia do jogo — e sua disseminação irresponsável — é,

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